segunda-feira, 14 de maio de 2012

Os protestantes também amam Maria

Por Jofre Garcia

Maria é um dos personagens mais fascinantes do Novo Testamento. Cultuada e adorada por uns a ponto de ter sido alçada na qualidade de deusa ou semi-deusa, ou simplesmente ignorada por outros que não meditam na importantíssima missão que a virgem de Nazaré cumpriu exemplarmente.
Assim como João Batista, Pedro, Tiago, João Evangelista, Paulo, Etc. Maria ocupa um lugar proeminente na teologia neotestamentária, no entanto, em nenhuma hipótese, por mais bem intencionada que seja, podemos descentralizar a história da Redenção da figura de Jesus, porque é Ele que é o Cristo. É o seu sangue que é a Nova Aliança, derramado em favor de muitos (e não de todos). É o seu sacrifício na cruz que aplaca a ira de Deus. É a sua missão que eficaz e eficientemente conduz o homem a Deus. Na história da Redenção Jesus é o protagonista inigualável. Todos os outros (incluindo Maria), foram coadjuvantes (leia-se: cooperadores) desse roteiro divino.
Não pretendo discorrer neste artigo sobre a soberania de Deus na concepção e encarnação de Cristo, mas pretendo extrair algumas considerações sobre essa figura santa e amada por Deu e, que deve ser amada por todos aqueles que se proclamam cristãos, a saber: Maria de Nazaré, a mãe do salvador.
Uma das mais absurdas idéias que geralmente se tem dos protestantes é que não gostam de Maria ou que até nutrem pesados e negativos sentimentos por ela. Todavia isso se dá pelo julgamento precipitado e precoce que costumeiramente fazemos por não conhecermos o que é diferente de nós, por ignorarmos grupos que diferem do nosso modo de pensar e compreender o mundo. Como protestante que sou estudante da Escrituras Sagradas, obra na qual tenho dedicado minha vida, e sendo, também, pesquisador da história eclesiástica, posso afirmar que nenhum sentimento há por Maria que não seja o respeito, a admiração e o amor na ortodoxia e na ortopraxia protestante. Afirmo, ainda, que o verdadeiro protestante, o evangélico ama a Maria e a tem no mais elevado conceito na galeria dos heróis da fé.
Porém, a amamos pelo que ela é, e isso está mais do que explícito na Palavra de Deus. Maria não é deusa, nem semideusa, nem co-redentora, nem intercessora, etc. Ela é, sim uma agraciada e santa serva de Deus que se colocou submissa para que a Obra do Senhor se efetivasse no mundo, nos dando assim, notáveis exemplos de fé, coragem, humildade e serviço.
Por isso a amamos!
Amamos Maria por sua fé. Uma fé que reside no Deus que prometera através das profecias ministradas pelos seus santos profetas, que o próprio Altíssimo faria morada no homem. Fé no Deus de Israel, único Deus, que não podia, não pode, nem poderá jamais ser representado por qualquer imagem de escultura ou coisa semelhante. Fé no Deus que torna possível o que é impossível para resgatar os seus escolhidos.
Que possamos ter a fé que Maria praticou no Deus que a salvou.
Amamos Maria por sua coragem. Não um arroubo histérico a ponto de sair pulando e gritando “aleluias” e “glórias” e em meio a bravatas orgulhosamente declarar “Deus falou comigo!” “Deus falou comigo!”. Coragem verdadeiramente cristã, pois o quadro a sua frente era trágico e sombrio, uma jovem virgem desposada de um respeitável cidadão acha-se grávida antes do casamento. O que lhe esperava era a execração social e o apedrejamento. Mas, mesmo em face de tamanho desafio, aquela jovem coloca-se nas mãos de Deus confiando inteiramente naqu’Ele que a comissionava: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua vontade” (Lucas 1.38). Coragem essa que faria corar qualquer apologeta de hoje, moldados numa teologia meramente circunstancial.
Que possamos ter a coragem de Maria.
Amamos Maria por sua humildade. Muitas vezes quando alguém fala alguma coisa acerca da Maria geralmente o seu comentário não ultrapassa o parto de Jesus. No entanto, o exemplo de humildade da jovem de Nazaré perpassa toda a sua vida. Além de reconhecer Deus como seu salvador pessoal, Maria nunca se apropria de qualquer posição que de alguma forma viesse a suplantar o Filho ou qualquer dos apóstolos. E quando, mesmo sem ter ainda uma dimensão exata do que lhe acontecera era despertada por Cristo, e humildemente guardava no coração aquelas verdades. Maria tinha plena consciência que Ele era o Salvador, o Cristo e, assim, como João Batista, sabia que importava que ele (Jesus) crescesse e todos os demais diminuíssem.
Que possamos ter a humildade de Maria.
Amamos Maria pelo seu serviço. Mais do que qualquer outra pessoa, Maria foi uma serva, na expressão máxima da palavra. Entregou-se inteiramente a sua missão sendo uma mãe exemplar no cuidado, no carinho e no amor por seu filho. E quando o ministério público de Cristo se manifestou, lá estava Maria, não ordenando, não querendo fazer do filho um mero milagreiro, mas preparando as ferramentas e servindo ao Mestre. O seu serviço deixa-nos um mandamento eterno para todos os povos, principalmente os cristãos. Em Canaã, não opera o milagre, crê no Filho e apontando para Jesus, exorta: “Fazei tudo que Ele vos disser” (João 2.5).
Que possamos servir a Jesus como Maria.
Oh! Maria santa! Maria mãe de Jesus que o povo evangélico ama e procura seguir o seu exemplo de fé operosa, de coragem testemunhal, de humildade verdadeira e de serviço constante, revelando o mais profundo dom de Deus: o amor!
Maria de Nazaré, não a das imagens e estátuas, não a Maria das rezas e mantras, não a Maria da adoração ritualista e pagã. Mas, a serva do Deus Altíssimo cujo ensino ecoa não apenas em nossos ouvidos, mas em nossos corações e consciência que Cristo Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida e que, portanto, é a Ele que devemos seguir, assim como ela seguiu.
Amamos Maria, João, Pedro, Tiago, Paulo…Símbolos e exemplos da fé evangélica que de uma vez por todas foi dada aos santos.
N’Ele, em quem reside toda a plenitude de Deus.
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Jofre Garcia é colunista do Púlpito Cristão e edita do
Auxílio do Alto.

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